Na manhã desta terça-feira, 13 de maio, a 2ª Câmara de Direito Comercial do Tribunal de Justiça de Santa Catarina (TJSC) prestou uma homenagem ao desembargador Getúlio Corrêa, que se aposentará no próximo mês. A sessão marcou sua última participação presencial como integrante do colegiado, encerrando um importante capítulo de sua trajetória no Judiciário catarinense.
O presidente da câmara, desembargador Robson Luz Varella, abriu as homenagens destacando o extenso currículo de Getúlio Corrêa. Recordou sua atuação inicial na Polícia Militar, sua passagem pela Justiça Militar e seu papel como elo respeitado entre o Judiciário, os demais poderes e a sociedade. Segundo Varella, a atuação equilibrada e sensível do desembargador foi essencial para promover a pacificação social e a estabilidade institucional.
Para o presidente, a despedida não representa um fim, mas sim a consagração de uma carreira exemplar. Ele afirmou que a biografia de Getúlio Corrêa se integra ao patrimônio imaterial do Tribunal e seguirá como referência para as futuras gerações da magistratura catarinense.
Outros membros da câmara também prestaram seus reconhecimentos. O desembargador Stephan Klaus Radloff agradeceu pela convivência, destacando o companheirismo e o legado deixado pelo colega. O desembargador João Marcos Buch enalteceu a agilidade e a clareza de raciocínio jurídico de Getúlio, características que, segundo ele, se destacaram nas sessões compartilhadas ao longo do último ano.
O juiz de segundo grau Marcelo Pons Meirelles lembrou da atuação do homenageado nas entidades associativas e da contribuição marcante que deixou à frente da Vara de Direito Militar da capital. Ele também ressaltou o aprendizado proporcionado pela convivência com o desembargador na câmara.
A sessão contou ainda com manifestações do procurador de Justiça Fábio de Souza Trajano, do advogado Olavo Rigon Filho e do desembargador Márcio Rocha Cardoso, que relembrou a longa amizade com Getúlio Corrêa desde o tempo em que foi seu professor na Escola Superior da Magistratura. Também estiveram presentes os desembargadores Rubens Schulz e Álvaro Luiz Pereira de Andrade.
Emocionado, Getúlio Corrêa agradeceu a todas as manifestações e fez um breve relato de sua trajetória profissional. Ele iniciou sua carreira como policial militar, função que exerceu por 17 anos, e ressaltou os desafios enfrentados para alcançar o cargo de desembargador, que só assumiu após sete anos de espera e 21 ações judiciais. Em seu discurso, destacou o valor da amizade, da sensibilidade na aplicação do Direito e da experiência de vida como elementos fundamentais na atuação de um magistrado.
Ao final, agradeceu à sua família pelo apoio incondicional, especialmente à esposa e às filhas, que souberam compreender sua constante ausência ao longo da carreira.
Trajetória profissional
Antes de ingressar na magistratura, Getúlio Corrêa foi oficial da Polícia Militar de Santa Catarina, alcançando o posto de major. Nomeado em 1984 como juiz auditor substituto da Justiça Militar, foi promovido em 1992 ao cargo de juiz auditor. Em 2013, chegou ao posto de desembargador, atuando nas 2ª e 3ª Câmaras Criminais, além da 2ª Câmara de Direito Comercial.
Foi presidente da Associação Internacional das Justiças Militares (AIJM) e da Associação dos Magistrados das Justiças Militares Estaduais (AMAJME). Atuou como diretor da Escola Superior da Magistratura de Santa Catarina (Esmesc) entre 2003 e 2005, e em 2004 presidiu a Escola Nacional da Magistratura da Associação dos Magistrados Brasileiros (AMB). Também foi coordenador do Conselho de Segurança Institucional no biênio 2018-2020, e ocupou os cargos de 2º e 1º vice-presidente do TJSC no biênio 2022-2024.
Com uma carreira marcada por dedicação, firmeza e equilíbrio, Getúlio Corrêa deixa um legado que se estende para além das decisões judiciais, influenciando gerações de magistrados e contribuindo de forma significativa para o fortalecimento da Justiça em Santa Catarina.