A CPI mista do INSS deve ouvir nesta segunda-feira (8), às 16h, o ex-ministro da Previdência Carlos Lupi. O depoimento deve focar na atuação de Lupi durante sua gestão à frente da pasta e nas medidas adotadas – ou negligenciadas – diante de um dos maiores escândalos de fraudes já registrados no Instituto Nacional do Seguro Social.
Lupi comandou a Previdência entre 2023 e 2025, até pedir demissão em maio, poucos dias após a Polícia Federal deflagrar uma operação que revelou fraudes bilionárias em benefícios previdenciários. O esquema é investigado pela PF e pela Controladoria-Geral da União (CGU), com prejuízos estimados em R$ 6,3 bilhões aos cofres públicos.
As fraudes envolviam descontos mensais não autorizados nos benefícios de segurados, com participação de entidades que teriam falsificado cadastros para validar cobranças sem contrapartida de serviços prestados. Lupi nega envolvimento, e seu advogado, Walber Agra, afirmou que ele “responderá a tudo” na comissão.
Apesar de não figurar como investigado direto, a responsabilidade política do ex-ministro é um dos pontos centrais do depoimento. O relator da CPI, deputado Alfredo Gaspar (União-AL), considera a oitiva “imprescindível” para esclarecer como o esquema se manteve ativo durante sua gestão.
A convocação marca uma nova etapa da CPI, que agora mira autoridades do alto escalão. Até aqui, a comissão vinha ouvindo técnicos e operadores do esquema. A oposição no Congresso pretende usar o depoimento de Lupi para evidenciar a fragilidade da estrutura de controle durante o governo Lula.
Apesar do Palácio do Planalto tentar desvincular o escândalo da atual gestão, alegando que o esquema teria se iniciado em anos anteriores, Lupi foi nomeado por Lula e permaneceu no cargo por mais de dois anos, mesmo diante de sinais de irregularidades. A permanência do ministro e a ausência de medidas efetivas de contenção são apontadas por parlamentares como indícios de negligência política do governo federal.