Entre a noite desta quarta-feira (10) e a madrugada desta quinta (11), a Câmara dos Deputados aprovou duas decisões relevantes envolvendo processos disciplinares contra parlamentares de campos políticos opostos.
No início da madrugada, o plenário rejeitou a cassação da deputada Carla Zambelli (PL-SP), que permanecerá no cargo. A perda de mandato exigia ao menos 257 votos, mas o placar final — 227 a favor e 170 contra — não atingiu o quórum necessário.
Zambelli está presa na Itália desde julho, após deixar o Brasil logo depois de ser condenada a dez anos de prisão por participação na invasão do sistema do Conselho Nacional de Justiça (CNJ). Ela também recebeu sentença em outro processo, por porte ilegal de arma e constrangimento ilegal.
O caso passou inicialmente pela CCJ. O relatório do deputado Diego Garcia (Republicanos-PR), que recomendava o arquivamento da representação, acabou derrotado. Em seguida, o colegiado aprovou o parecer de Claudio Cajado (PP-BA), favorável à cassação sob o argumento de que a deputada está impossibilitada de exercer suas funções parlamentares, classificando a medida como uma “necessidade político-administrativa”.
Mesmo assim, o plenário decidiu manter o mandato. Na prática, Zambelli segue como deputada, embora esteja impedida de participar das sessões, integrar comissões e desempenhar suas atividades legislativas.
Horas antes, ainda na noite de quarta-feira, os deputados aprovaram por 318 votos a 141 a suspensão, por seis meses, do mandato de Glauber Braga (PSOL-RJ). O processo analisava uma denúncia por quebra de decoro envolvendo uma briga com um integrante do MBL dentro do Congresso.
A punição foi definida após a aprovação de um destaque apresentado pelo PSOL, que retirou da votação a possibilidade de cassação — o que deixaria o deputado inelegível por oito anos.
Na véspera, Glauber havia ocupado a mesa da presidência do plenário em ato de protesto e acabou removido à força por policiais legislativos por determinação da Mesa Diretora.


